para reflexão!
Cassiana
A MULHER E O MEIO AMBIENTE
Homem não chora.
E é preciso que não chore, já que é ele quem decide se a floresta tomba ou permanece em pé.
Não expressar sentimentos é capital para quem toma decisões amparado na ideologia do progresso a qualquer custo. Até porque não existe progresso sem custos. Mais ou menos assim: o ideal é que não se desmate, mas se for preciso para gerar empregos, danem-se as árvores!
Nos últimos 50 anos, a produção mundial de grãos triplicou. A quantidade de terras irrigadas duplicou. Os automóveis ultrapassaram os 500 milhões. O mesmo aconteceu aos televisores, geladeiras, chuveiros elétricos, lavadoras, secadoras, computadores, celulares, microondas, fax, videocassetes, CDs, parabólicas, isopor, descartáveis, transgênicos e outras invenções.
As riquezas produzidas quintuplicaram.
Mas, também neste período, o mundo perdeu 20% de suas terras férteis e 20% de suas florestas tropicais, com milhares de espécies ainda nem conhecidas. O gás carbônico aumentou 13%, destruiu-se 3% da camada de ozônio, toneladas de materiais radioativos foram despejadas na atmosfera e nos solos, os desertos aumentaram, rios e lagos morreram por chuva ácida ou esgotos industriais.
E o mundo não ficou mais rico, menos faminto nem menos doente.
Alguém deve mesmo ter conceitos brutos sobre o sucesso e o progresso. Afinal, que alma sensível validaria tal rapinagem?
A mulher, ao contrário, como tem permissão cultural para expressar sentimentos, tem mais compaixão. É mais intuitiva, pois pela linguagem lógica jamais se comunicaria com o filho que ainda não fala. Ela tem a função de cuidar. Cuidar de outro ser, outra vida que não é ela. Diante da competição, prefere investir na cooperação. São atribuições sociais que as deixam mais próximas aos apelos por paz, harmonia e equilíbrio ambientais.
Compaixão, intuição, cooperação e cuidado são elementos do pensar feminino. A Biologia nos mostra que nenhuma espécie conseguiu estabilizar-se sobre a Terra desprezando tais estratégias para com outras espécies.
As que se utilizaram de meios diferentes, não sobreviveram.
Em todas as civilizações, as deusas da Terra são mulheres.
A Terra que tudo dá, que tudo provê, que sustenta, cria e supre as necessidades de tantos e diferentes filhos seus. Esta Terra é mulher
Talvez, não por acaso.
No Dia Internacional da Mulher, comemoremos com muita esperança.
As coisas também não mudam por acaso.
Luiz Eduardo Cheida é médico, deputado estadual e presidente da Comissão de Ecologia e Meio Ambiente da Assembléia Legislativa do Paraná. Premiado pela ONU por seus projetos ambientais, foi prefeito de Londrina, secretário de Estado do Meio Ambiente, membro titular do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) e do Conselho Nacional de Recursos Hídricos.
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